Histórias de Vida - João de Carvalho Franco


O Sr. João Franco começou a trabalhar na horta com o seu pai, e com mais ou menos 20 anos, foi trabalhar como almocreve com o Sr. José Viana, e este foi o seu trabalho até se reformar.
Transportava todo o tipo produtos no seu cavalo, mas normalmente contratavam-no para transportar carvão e cortiça, e deste dois produtos o que mais transportava era cortiça.
Os clientes iam ao seu encontro para que ele fizesse o transporte do material. No tempo em que era almocreve não existiam estradas, só umas veredas, em que só os animais e as pessoas é que conseguiam andar. Antigamente só existia a estrada até aos Casais, por isso tinha que fazer o transporte dos produtos até aos Casais para os camiões e camionetas levarem o material.
Conta-nos que não aprendeu com ninguém, que não era um serviço complicado, a única coisa necessária era a força para conseguir carregar a besta.
O Sr. João Franco trabalhava por conta própria, refere que tinha um dia-a-dia muito duro, levantava-se de madrugada e só terminava à noite, e assim era todos os dias da semana.
Diz-nos que ganhava-se muito pouco, mas dava para ir sobrevivendo, pois o trabalho era muito, e o que ganhava não compensava o trabalho tinha.
Escolher ser almocreve porque precisava de ganhar para pôr comida na mesa, e como existiam falta de almocreves no povo de Marmelete, aproveitou a oportunidade pois como almocreve, sempre ganhava mais do a cavar terra.
Recorda-se como fosse hoje, que uma besta aguentava mais ou menos 8 a 9 arrobas de carga, e era esse peso que levava quase sempre, tentava levar sempre o máximo de cada vez, mas diz-nos que também não podia abusar porque o animal não aguentava e a distância era muita.
Apesar de existirem almocreves que trabalhavam com dois animais ao mesmo tempo, o Sr. João Franco trabalhou sempre só com um. Nunca tive ninguém a trabalhar consigo, por isso não ensinou a arte do seu ofício a ninguém, e preferiu sempre ser almocreve do que trabalhar na agricultura. Hoje em dia já ninguém trabalha como almocreve, pois com a construção de estradas, os carros ajudam muito e as pessoas têm metade do trabalho que tinham naquela altura.
Nos seus tempos livres, o Sr. João Franco descansa e dá as suas voltinhas pela freguesia diz que assim é feliz, e confessa-nos que a sua profissão de sonho era ter sido sapateiro, pois ainda andou a aprender durante algum tempo, mas entretanto o seu mestre morreu, e tive foi que ir trabalhar como almocreve…
Obrigado Sr. João Franco.

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Monchique, Marmelete, Portugal
Potenciando a efectivação de um acompanhamento do envelhecimento construtivo e activo, o Centro de Dia de Marmelete, consiste numa resposta social de apoio à população idosa da freguesia de Marmelete, incidindo a sua dinâmica institucional para colmatar as demais necessidades e/ou problemas de cariz sócio-demográfico. O Centro de Dia de Marmelete comporta as valências de Serviço de Apoio Domiciliário e Centro de Convívio. Conta com o apoio de 170 associados, entre os quais 16 encontram-se inseridos no Serviço de Apoio Domiciliário e 40 no Centro de Convívio.

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