"Os Carnavais de Antigamente"


No passado dia 25 de Fevereiro, o Centro de Dia de Marmelete organizou mais uma tertúlia entre os utentes sobre o mote “Os Carnavais de Antigamente”.

Durante uma hora e meia os utentes recordaram os seus Carnavais de criança, de como se costumavam mascarar com os trapos velhos que tinham em casa e depois iam para os bailes onde dançavam e cantavam até de manhã. Falou-se ainda dos famosos cordões de Carnaval, que eram feitos pela aldeia toda, em que as pessoas mascaradas iam aos pares pelo povo de Marmelete dançando, com um artista convidado na frente. Estes cordões eram tão conhecidos que chegavam a vir pessoas de outras localidades para participarem nesta romaria.

Com vários sorrisos na cara e muitas gargalhadas à mistura, todas as participantes recordaram as travessuras e partidas que eram próprias do Entrudo, sendo as cacadas a travessura mais popular. As cacadas era uma brincadeira, que consistia em juntar um conjunto de cacos e pedacinhos de loiça embrulhados num pano, ou punham dentro de uma bilha ou cântaros de barro, e depois iam pela freguesia e jogavam para dentro das casas das pessoas e de seguida fugiam. Ora, isto fazia um grande alarido e a casa ficava cheia de cacos, e quando não era possível jogar para dentro de casa, jogavam para a porta. Esta era uma das partidas mais comuns e que provocava o divertimento genuíno nas crianças que eram os principais actores destas brincadeiras.

Aproveitando o facto de já estarmos na Quaresma, a conversa desenrolou-se também à volta das tradições religiosas próprias desta época. Assim sendo, as utentes relembraram duas tradições muito características da Quaresma e que embora já não sejam cumpridas à risca e na íntegra por grande parte da população, ainda hoje perduram. Estamos a falar dos contratos e do jejum. O jejum era cumprido durante todas as quartas-feira e as sextas–feira até à Páscoa, esta prática consistia em não comer nada durante a manhã até ao almoço e ao jantar só se podia comer metade da porção que era hábito comer, a carne era um alimento proibido nestes dias.

Relativamente aos contratos eram um compromisso feito entre duas pessoas, especialmente entre as crianças, tendo como prémio final um pacote de amêndoas. Assim, os respectivos participantes enlaçam os respectivos dedos mindinhos da mão direita e, marcando compasso, de cima para baixo, e de baixo para cima, dizem: “Contrato, contrato faremos, Sábado de Aleluia desmancharemos!” Dito isto os participantes combinam um sinal, que pode ser ajoelhar, olhar para o céu, bater palmas, etc. Este sinal, serve para que os envolvidos não se esqueçam dos contratos e assim quando se verem um ao outro têm que dar a ordem, e o outro tem que cumpri-la. Por exemplo diz-se: “Ajoelha-te!” e o outro tem que ajoelhar-se; no Sábado d’ Aleluia quem ver o colega primeiro grita: “Ajoelha-te e paga!” e o outro tem que pagar as amêndoas no dia de Páscoa porque perdeu.

Verificou-se que muitas avós ainda fazem os contratos com os netos, o que é bastante bom para que esta tradição não morra.
Todas concordaram que foi uma tarde de conversa bastante bem passada e muito divertida.

Acerca de mim

A minha foto
Monchique, Marmelete, Portugal
Potenciando a efectivação de um acompanhamento do envelhecimento construtivo e activo, o Centro de Dia de Marmelete, consiste numa resposta social de apoio à população idosa da freguesia de Marmelete, incidindo a sua dinâmica institucional para colmatar as demais necessidades e/ou problemas de cariz sócio-demográfico. O Centro de Dia de Marmelete comporta as valências de Serviço de Apoio Domiciliário e Centro de Convívio. Conta com o apoio de 170 associados, entre os quais 16 encontram-se inseridos no Serviço de Apoio Domiciliário e 40 no Centro de Convívio.

Seguidores