Alma de Poeta...

Entrudo é tempo de brincar

Porque é Carnaval

Brinquem com jeito

Para ninguém levar a mal

O brincar é prazer

E eu, dá-me alegria

Tenho uma grande consideração

Pelo pessoal do Centro de Dia

A seguir vem a Quaresma

Que é tempo de oração

Vem o Sábado de Aleluia

E o Domingo de Ressurreição

Eu tenho muito respeito

Que me dá que pensar

Quem tem tanto poder

Morrer e Ressuscitar

Aleluia! Aleluia!

É canto de alegria

Ressuscitou Jesus

Que é o filho de Maria

MANUEL DA SILVA RODRIGUES

Alma de poeta...

Este Centro de Dia

Já tem muito pessoal

No dia catorze fomos

A um bailinho de Carnaval


Ana Páscoa a tocadora

Para as pessoas animar

Foram-se alguns embora

Antes do balho acabar


O tempo estava muito frio

Fazia vento e chovia

Para a terceira idade

Isto é uma alegria


A sala estava enfeitada

Com balões e mascarinhas

Estavam muito bonitas

Tinham brilhantes e estrelinhas


Eulália Justina António

Histórias de Vida - José Francisco Duarte



O Sr. José Duarte tinha 12 anos quando começou a trabalhar com o seu pai no campo e foi sempre o que fez durante toda a sua vida.
Foi quinteiro durante muitos anos do Sr. Afonso Torrinha. Um quinteiro toma conta da terra do patrão. O seu patrão dava-lhe a terra para semear, ele semeava toda a terra e na altura da recolha dividiam tudo ao meio, metade era para o Sr. José Duarte e a outra metade era para o seu patrão, e tudo o que sobrava vendiam e o lucro também era dividido ao meio. Para além disso também tratava do gado que eram vendido e o lucro era dividido ao meio.
O seu ordenado era aquilo que sobrava da colheita, que vendia, ficava com o lucro para si.
Sempre trabalhou por conta própria, apesar de nunca ser no seu terreno.
O Sr. José Duarte chegou ainda a ser leiteiro, tinha 4 vacas leiteiras e começou a vender leite quando veio morar para Marmelete. Não ai vender o leite casa a casa, as pessoas é que iam à sua casa buscar o leite. Tinha tanto trabalho que o seu patrão viu-se obrigado a comprar uma máquina para ordenhar as vacas, porque já não conseguiam fazer duas ordenhas por dia, o Sr. José ordenhava cerca de 40 a 50 litros de leite por dia, nas ordenhas da manhã e da noite.
Recorda-se que muitas das vezes o leite não chegava para as encomendas, pois naquela altura só existiam duas pessoas em Marmelete que vendiam leite. O Sr. José Duarte vendia um litro de leite a 100 escudos.
Era uma vida muito dura, levantava-se de madrugada e trabalhava até ao anoitecer, nunca chegou a ter folgas e sempre foi um escravo no trabalho. Refere que não era um trabalho muito rentável, mas sempre conseguiu pagar as despesas e ir comendo.
Nunca teve aprendizes consigo para lhes transmitir a arte do seu ofício, sempre trabalhou sozinho e a sua mulher, os dois tratavam do gado e faziam a horta. Só teve que pagar pessoas para trabalhar com ele, quando tinham muito trabalho, por exemplo na apanha das sementeiras acrescentadas de cebolas, batatas, feijão.
O serviço que mais gostava de fazer era tratar dos animais, e acha que ainda devem existir algumas pessoas a trabalhar como quinteiros.
Nos seus tempos livres o Sr. José Duarte descansa pois segundo ele: “(...)A doença assim o exige. (...) Apesar de tudo, diz que já teve momentos mais felizes mas não se pode queixar da sua vida.
Obrigado, Sr. José Duarte!

Histórias de Vida - José da Silva Conceição


O Sr. José sempre foi minador, embora também tivesse trabalhado como pedreiro durante dois anos em Alemanha, partiu pedras numa pedreira e depois de reformado ainda foi vigilante florestal numa torre de vigia na serra da Fóia. Mas a maior parte do tempo, durante toda a sua vida trabalhou como minador.
Um minador faz poços e minas, para fazer uma mina primeiro escava-se um buraco na terra, com uma largura de mais ou menos 80cm e 1, 80m, escava-se até conseguir captar água. Mas tem que se ir entaipando o terreno para se conseguir trabalhar e não cair terra em cima dos trabalhadores, uma espécie de um tecto de madeira, e se encontra água suficiente pára-se de escavar. Os poços têm que ser sempre construídos num terreno plano, enquanto que as minas têm que ser numa encosta, ou no meio de um monte. Para se construir um poço, primeiro tem que se marcar o lugar e depois vai-se escavando, cercando com madeira e depois empedrando com tijolo. O Sr. José costumava a usar uma régua para que a parede ficasse sempre direita e com o mesmo diâmetro. O processo é sempre o mesmo até se conseguir encontrar água. Quando a água não for muita e se já tivermos escavado bastante, tem-se que fazer uma mina dentro do próprio poço para assim conseguir mais água.
O Centro de Dia de Marmelete atento às declarações do Sr. José e sabendo que se trata de um trabalho bastante duro e perigoso, pergunta-lhe se alguma vez apanhou um susto durante a sua execução, e o Sr. José responde: “(...) Ai não, que não apanhei! Foram tantos! Com água e com terra, uma vez pensei mesmo que morria soterrado, mas graças a Deus ainda cá estou.(...)” Quando queria ter a certeza de que ia encontrar água, chamavam pessoas especialistas em encontrar água, os vedores, e eles diziam quantos metros é que tinham que escavar para encontrar água, mas às vezes também se enganavam. Já o Sr. José devido à experiência que tinha, raramente se enganava, conta-nos por exemplo, que num terreno rochoso não dava para fazer uma mina ou um poço. Para conseguir ver debaixo da terra usava um gasómetro, uma espécie de lanterna que acendiam com umas pedras, tinha uma espécie de carvão que ia ardendo e assim tinham luz para conseguir trabalhar.
O seu oficio aprendeu com o seu pai e com os outros que trabalhavam com ele, e conta-nos em tom de brincadeira que desde os 8 anos que começou a escavar buracos na terra. Trabalhava por conta própria e sempre tive muito trabalho, mal acabava um poço já tinha outro para fazer. No seu dia-a-dia enquanto minador, trabalhava entre 8 a 10 horas diárias começava às 08h00m e terminava às 17h00m, só descansava ao Domingo e férias nunca tive.
Era um trabalho lucrativo e sempre ganhava mais do que aqueles que andavam a trabalhar na terra. Como o pai sempre trabalhou como minador começou a trabalhar com ele, e sempre foi contratado para fazer o seu oficio, e como o trabalho também escasseava ao ser minador sempre ganhava mais.
A arte do seu ofício ensinou alguns daqueles que trabalhavam consigo, mas nunca tive gente nova a aprender, “(...) também quem é que queria andar aí cavando buracos para encontrar água debaixo da terra (...)” diz o Sr. José a rir. Não se recorda de quanto minas fez na sua vida, mas poços acha que foram mais ou menos 22. Diz-nos que um poço com 10m, levava mais ou menos um mês ou um mês e meio a construir e isto se a terra fosse boa de escavar. Desde que se reformou que não trabalha como minador, e que ainda devem existir uns dois ou três minadores, mas qualquer dia deixam mesmo de existir.
Quando o Centro de Dia de Marmelete perguntou-lhe se daqui a 50 anos ainda haverá pessoas a trabalhar como minadores, o Sr. José responde: “(...,) Não, não há, não senhora! Nem precisa de tanto tempo, daqui a uns 6 ou 7 anos já não encontramos pessoas que saibam fazer este trabalho, dos mais novos ninguém quis aprender.” E quando lhe perguntamos se tinha alguma profissão de sonho, respondeu com uma gargalhada: “(...) Ora, gostava de ter sido doutor(...).”
Nos seus tempos livres descansa e trabalha na sua horta e acha-se uma pessoa feliz assim. Obrigado Sr. José da Silva Conceição.

Histórias de Vida - João de Carvalho Franco


O Sr. João Franco começou a trabalhar na horta com o seu pai, e com mais ou menos 20 anos, foi trabalhar como almocreve com o Sr. José Viana, e este foi o seu trabalho até se reformar.
Transportava todo o tipo produtos no seu cavalo, mas normalmente contratavam-no para transportar carvão e cortiça, e deste dois produtos o que mais transportava era cortiça.
Os clientes iam ao seu encontro para que ele fizesse o transporte do material. No tempo em que era almocreve não existiam estradas, só umas veredas, em que só os animais e as pessoas é que conseguiam andar. Antigamente só existia a estrada até aos Casais, por isso tinha que fazer o transporte dos produtos até aos Casais para os camiões e camionetas levarem o material.
Conta-nos que não aprendeu com ninguém, que não era um serviço complicado, a única coisa necessária era a força para conseguir carregar a besta.
O Sr. João Franco trabalhava por conta própria, refere que tinha um dia-a-dia muito duro, levantava-se de madrugada e só terminava à noite, e assim era todos os dias da semana.
Diz-nos que ganhava-se muito pouco, mas dava para ir sobrevivendo, pois o trabalho era muito, e o que ganhava não compensava o trabalho tinha.
Escolher ser almocreve porque precisava de ganhar para pôr comida na mesa, e como existiam falta de almocreves no povo de Marmelete, aproveitou a oportunidade pois como almocreve, sempre ganhava mais do a cavar terra.
Recorda-se como fosse hoje, que uma besta aguentava mais ou menos 8 a 9 arrobas de carga, e era esse peso que levava quase sempre, tentava levar sempre o máximo de cada vez, mas diz-nos que também não podia abusar porque o animal não aguentava e a distância era muita.
Apesar de existirem almocreves que trabalhavam com dois animais ao mesmo tempo, o Sr. João Franco trabalhou sempre só com um. Nunca tive ninguém a trabalhar consigo, por isso não ensinou a arte do seu ofício a ninguém, e preferiu sempre ser almocreve do que trabalhar na agricultura. Hoje em dia já ninguém trabalha como almocreve, pois com a construção de estradas, os carros ajudam muito e as pessoas têm metade do trabalho que tinham naquela altura.
Nos seus tempos livres, o Sr. João Franco descansa e dá as suas voltinhas pela freguesia diz que assim é feliz, e confessa-nos que a sua profissão de sonho era ter sido sapateiro, pois ainda andou a aprender durante algum tempo, mas entretanto o seu mestre morreu, e tive foi que ir trabalhar como almocreve…
Obrigado Sr. João Franco.

Histórias de Vida - Daniel Franco


Sempre trabalhou como carpinteiro desde que nasceu. Fez todo o tipo de trabalhos em madeira, inicialmente começou a trabalhar na oficina do Sr. Lúcio e emigrou para a Alemanha onde trabalhou durante 15 anos como carpinteiro, na tentativa de ganhar mais um pouco para a sua família.
Já na Alemanha, o Sr. Daniel Franco recorda-se das diferenças de Portugal e Alemanha em relação à profissão de carpinteiro. “O trabalho era muito mais, fazíamos coisas muito grandes. Enquanto que aqui, as coisas eram muito pequenas, haviam muitas, muitas diferenças. Lá até tínhamos muito mais máquinas e ferramentas para trabalhar, era completamente diferente.”
Nunca aprendeu a sua profissão com ninguém, desde que se lembra, sempre tive tendência para fazer objectos em madeira, em pequeno fazia os seus próprios brinquedos, carrinhos, cadeirinhas. Sempre gostou muito de trabalhar com a madeira.
Nunca trabalhou por conta própria, em Portugal trabalhou na oficina do Sr. Lúcio e em Alemanha trabalhou numa empresa.
Na altura em que trabalhava a vida era dura, trabalhava de manhã à noite porque tinha muitas encomendas. E diz-nos que: “...custava a dar conta do recado.” pois as encomendas eram desde móveis para casa até às caixas para fruta. Quando trabalhou aqui em Portugal não ganhava muito, quando fui para a Alemanha começou a ganhar mais…
O Sr. Daniel explica que gostava de fazer mesas, mas o que ele mais gostava de trabalhar era na tanoaria, a fazer pipas e barris, embora não fosse bem esse o seu ofício.
Comenta que o castanho é a melhor madeira para trabalhar e também a mais resistente, mas aqui em Portugal o pinho era a madeira que se usava mais, já na Alemanha era o mogno.
Sempre gostou muito de trabalhar a madeira e tive a sorte de conseguir trabalhar naquilo que gostava. Ensinou a sua arte a alguns carpinteiros, como por exemplo ao Sr. José Eduardo e ao Sr. José Pinheiro que aprenderam com ela na oficina do Sr. Lúcio, o seu filho João também aprendeu a sua arte pois sempre gostou de trabalhar com a madeira e escolheu ser carpinteiro como o pai por isso ensinou-lhe o que sabia.
O Sr. Daniel Franco sente-se cansado, e desde que veio da Alemanha que não trabalha. Diz-nos que existem nos dia de hoje bons carpinteiros e que o trabalho é mais facilitado devido à ajuda das máquinas. Quando o Centro de Dia de Marmelete perguntou como é que estará a arte da carpintaria daqui a 50 anos, o Sr. Daniel Franco a sorrir diz-nos: “...Nessa altura já eu não estou cá. Mas acho que sim, acho que vão continuar a haver carpinteiros, mas se calhar não vão trabalhar em pequenas oficinas, vão é trabalhar para grandes empresas…”
Sempre gostou muito de ser carpinteiro, mas se calhar até podia ter sido agricultor. Hoje em dia nos tempos livres descansa e vai ao café para estar com os amigos. Sente-se uma pessoa feliz dentro das possibilidades.
Obrigado pela disponibilidade Sr. Daniel Franco!

Histórias de Vida - Maria Custódia Albino


Autodidacta por natureza, Custódia Albino hoje com 93 anos, foi uma das costureiras mais conceituadas da nossa terra. Com um método muito próprio de trabalhar sempre teve uma ligação especial com a agulha e com a linha, que nunca soube explicar. Modista de inúmeras noivas, toda esta aventura começou quando tinha 11 anos e fez o seu primeiro fato de homem para um dos amigos do seu namorado…
Filha única e costureira de profissão tinha 4 anos quando veio para Marmelete. Adora costurar, e hoje só tenha pena de já não conseguir costurar como noutros tempos. Nunca aprendeu este ofício com ninguém, foi só uma vez para a casa de uma senhora na Pereira para que ela ensinasse a pôr uns chumaços nos casacos, mas passado uma semana voltou outra vez para casa porque D. Custódia já tinha aprendido a técnica. O gosto pela costura nasceu naturalmente, nem a própria sabe explicar... Apenas se recorda que sempre gostou de cortar, talhar e coser… Em miúda desmanchava as roupas lá de casa e depois voltava a coser, só para ver como estavam feitas!
Trabalhou sempre por conta própria, embora muitas vezes isso lhe dificultasse bastante a vida, pois não tinha “mãos a medir” para o trabalho solicitado. Sempre fez todo o género de roupa, homem, mulher, criança. No tempo em que era costureira as pessoas não tinham onde comprar roupa, existiam poucas lojas e as que existiam eram muito caras, e então era com ela que a maioria das pessoas de Marmelete e arredores vinham pedir os arranjos de costura. Normalmente, compravam o tecido escolhiam o modelo de roupa que queriam e muitas vezes chegavam a trazer revistas para D. Custódia copiar o modelo, só restava tirar as medidas ao cliente e depois tinham um bonito traje…
Na altura a profissão era lucrativa e segundo a própria dava sem dúvida para sobreviver. Hoje em dia já encontramos tantos modelos de roupa à venda e tão barata que ninguém vem procurar uma costureira para fazer roupa. Ponto mais alto da sua profissão chegou muitas vezes a acordar às 6 da manhã, deitando-se à 1 ou 2 da manhã e o descanso semanal não existiam porque com tanto trabalho era completamente impossível.
Fez muitos vestidos de noiva e fatos de noivo, e até chegou a fazer alguns trajes para o Rancho Folclórico de Monchique. D. Custódia, fica com um ar triste quando pensa que nos dias de hoje as costureiras fazem apenas umas simples bainhas, colocam fechos e pouco mais…
Ainda hoje costura, mas já nada se compara ao que fazia, neste momento tem três pares de calças para fazer umas bainhas, mas diz que “...Já não é capaz para isto, já estou cansada! Eu bem queria mas não consigo…”
Teve algumas aprendizes, quis ensinar a outras pessoas essa arte. E teve o cuidado de tentar passar a sua arte de geração em geração. Muitas raparigas de Marmelete aprenderam com ela, vinham pedi-lhe que as ensinasse e ela sempre aceitou, prova disso é que chegou a ter 5 e 6 raparigas ao mesmo tempo a aprender, e acha que num total deve ter ensinado a arte da costura a umas 20 ou 30.
D. Custódia vê com maus olhos o futuro da profissão de costureira, e acha que daqui a uns 50 anos já não devem existir costureiras, porque hoje em dia as que restam já têm pouco trabalho. Hoje em dia, D. Custódia acha que tem tempo livre demais, e confessa “...quem me dera não ter tanto tempo livre... Mas vou à ginástica todas as semanas, vou ao Centro de Dia, faço as minha compras e depois ainda faço algumas coisinhas por aí, na minha máquina, quem me dera poder fazer mais...”
Nasceu já costureira e não gostava de ter sido outra coisa, e quando lhe perguntamos se se considerava uma pessoa feliz, respondeu generosamente: “... Sim, não me posso queixar!”
Obrigado, D. Custódia Albino. Temos saudades suas!

Histórias de Vida - Maria Cândida da Luz


Sempre trabalhou em casa, e nunca trabalhou por fora. Quando o pai faleceu começou inicialmente a sua vida profissional na venda que o seu irmão decidiu abrir, só que entretanto quando o irmão teve que ir à tropa, ela e a sua mãe ficaram responsáveis pela venda. Depois, aquando foi feita uma estrada, a sua casa foi destruída e a sua mãe decidiu comprar a actual casa onde vive. Foi ai que abriu um novo um café e uma pequena mercearia, D. Maria Cândida recorda que naquela época já se chamava mesmo café e mercearia. Entretanto casou, e sempre continuou com a mercearia e o café, juntamente com o marido.
O seu trabalho consistia em atendimento ao balcão, vendia-se um pouco de tudo. E D. Maria Cândida diz-nos que a sua casa era a única que tinha máquina de café, candeeiro, frigorífico e fogão, tudo funcionava a gás. A electricidade só chegou ao seu estabelecimento em Agosto de 1976.
O seu café estava aberto das 08h00 às 24h00. D. Maria Cândida recorda que a sua casa nunca podemos tinha hora certa para fechar, daí que ela tinha descanso semanal porque era obrigada ater por lei, mas nunca cumpria.
D. Maria Cândida sempre gostou muito de trabalhar no café e na sua mercearia, pois gostava muito de atender as pessoas. Com o passar do tempo foi aprendendo o seu ofício, trabalhou sempre por conta própria, e segundo a própria tinha que fazer alguma coisa para ganhar a vida e sobreviver.
Há dois anos que deixou de ter o seu negócio, o que lhe custou muito uma vez que sempre gostou de conviver com as pessoas. Com o passar do anos, D. Maria Cândida acredita que daqui a 50 anos já não existirão cafés e mercearias na Freguesia de Marmelete, pois a tendência é para acabar com os negócios
Quando o Centro de Dia de Marmelete lhe perguntou qual teria sido a sua profissão de sonho, D. Maria Cândida humildemente respondeu que nunca fui uma pessoa com grandes ambições, sempre se sentiu bem com o que fazia, daí, nunca sonhou com outra profissão.
D. Maria Cândida actualmente nos seus tempos livres, costuma ler, faz croché e conversa com as suas amigas, e diz que tem tido uma vida feliz.
Obrigado D. Maria Cândida!

Histórias de Vida - AGOSTINHO V ENTURA


O medronho sempre fez parte da sua vida, ou não fosse ele de Marmelete. Actualmente com 72 anos, Agostinho Ventura continua a produzir uma das mais apreciadas bebidas de todo o mundo, preservando assim uma tradição muito antiga.
Costumava cuidar no gado e fazia sua horta para depois ir vender os seus produtos. O negócio do medronho foi herança de família, naquela altura quase toda a gente apanhava medronho, e destilavam em qualquer sítio, agora com as novas legislações está tudo um pouco mais complicado. Aprendeu a destilar medronho com o seu pai que sempre fez medronho desde que se lembra, e o Sr. Agostinho desde miúdo que sempre o ajudou, embora naquela altura não me interessasse muito pelo assunto.
Saber fazer Aguardente de Medronho é uma arte e não é para qualquer um, diz o Sr. Agostinho Ventura. O principal segredo para uma aguardente sair boa, começa logo na apanha do fruto. O medronho tem que estar bem maduro e tem que se ter cuidado para não se apanhar folhas nem ramos com o fruto, tudo tem que estar muito bem limpinho. Depois de apanhado põe-se numa vasilha muito bem limpinha e tapa-se, quando estiver no ponto, ou seja, quando estiver bem fermentado, põe-se no alambique e vai ao lume com um pouco de água até ferver, em seguida põe-se a cabeça da caldeira e espera-se até começar a correr. O principal segredo passa pela limpeza e pelo tempo de quando a aguardente começa a correr, e se por acaso a mais fraca se mistura com a boa estraga-se tudo o resto, e isto só se sabe com a experiência de fazer Aguardente de Medronho.
O Sr. Agostinho é produtor de Aguardente de Medronho e tem a sua pequena destilaria nas devidas condições de acordo com a lei, ele é produtor da Aguardente de Medronho de Marianes. O lucro não é muito refere o Sr. Agostinho, pois tem muita despesa para que possam cumprir as leis. Apesar de gostar do que faz é algo que faz pelo gosto e não pelo lucro..
O Centro de Dia de Marmelete pergunta assim ao Sr. Agostinho: Fala-se muito na perda de qualidade do medronho com a legalização, tem essa opinião? “(...) Olhem eu acho que não, que isso não é verdade… A aguardente pode ser engarrafada e já não ser uma boa aguardente, mas isso é como tudo, o medronho pode não ser bem conservado, ou ao fazer-se pode não ser bem feito, ou até há anos que o medronho é mais fraco, enfim coisas que ninguém controla. Agora nós temos é que tentar fazer sempre o melhor possível, para que isso não aconteça. Mas lá por a aguardente ser engarrafada não quer dizer que seja ruim, e se por acaso ela tiver algum problema acusa na análise e nós não podemos vendê-la, porque sabem cada vez que engarrafo aguardente ela tem que ser analisada. E estas novas leis não prejudicam nada na qualidade da aguardente…”
O Sr. Agostinho acha que a famosa aguardente de medronho continua a ter a mesma qualidade, e conhece pessoas mais jovens que sabem fazer muito bem aguardente de medronho, e nota que o interesse dos mais novos pela aguardente de medronho é cada vez mais. A única pessoa que demonstrou interesse em aprender consigo a arte da aguardente de medronho foi o seu genro, pois as outras pessoas da sua família nunca manifestaram interesse, e foi sobretudo por causa dele que abriu a destilaria devidamente legalizada.
Não tem ideia de quantos litros de medronho já produziu em toda a sua vida e de quantos quilos de medronho já apanhou, e diz que daqui a 50 anos vê muitos jovens a fazer aguardente de medronho, pois para ele é algo que nunca se vai perder. Nos seus tempos livres trabalha na sua horta, mas o medronho ocupa-lhe o ano todo, tem que tratar dos medronheiros para dar bom fruto e ter medronhos de boa qualidade para destilar.
A profissão de sonho do Sr. Agostinho Ventura era ter trabalhado com tractores na agricultura, gostava muito de ter conseguido tirar a carta de condução para poder conduzir tractores. Mas apesar de tudo é uma pessoa feliz dentro das suas possibilidades.
Obrigado, Sr. Agostinho Ventura.

Gastronomia do Mundo


No âmbito do mês intercultural, o Centro de Dia de Marmelete realizou mais uma actividade denominada “Gastronomia do Mundo”, no passado dia 15 de Abril. Assim esta actividade consistiu em confeccionar dois doces típicos da Grécia e do Brasil.
Os doces seleccionados foram o Bolo de Iogurte Grego e o Brigadeiro, todos os participantes se divertiram bastante durante esta actividade e no final todos se puderam deliciar com os maravilhosos doces.
Importa aqui fazer uma breve referência à história dos dois doces.
O Brigadeiro tem uma história, um tanto ou quanto curiosa. Este doce aparece no Brasil depois da 2ª Guerra Mundial (1939—1945). Naquela altura era muito difícil conseguir alimentos frescos, especialmente leite, açúcar e ovos, para fazer doces. Então descobriram que a mistura deleite condensado e chocolate resultava num docinho muito saboroso. Mas ainda faltava encontrar um nome para a nova iguaria.
Acontece que na mesma época decorriam as eleições para presidente do Brasil, e um dos candidatos chamava-se Brigadeiro Eduardo Gomes. Como slogan de campanha ele utilizava uma frase muito engraçada, que ficou na boca do povo: “Vote no Brigadeiro que é bonito e solteiro”.
Então as suas eleitoras baptizaram o doce em homenagem ao candidato, e as mulheres que trabalhavam na campanha distribuíam o docinho para fazer propaganda e ganhar votos. Para enfeitá-lo e deixá-lo mais saboroso, foi inventado o chocolate granulado. Depois outras receitas foram criadas a partir do original. O Brigadeiro é hoje cartão de visita em todo o mundo.
Em relação, ao historial do iogurte esta começou na antiguidade com o armazenamento do leite em bolsas de pele de cabra e estas eram atadas junto ao corpo dos camelos, ora com mais de 43 ºC de temperatura e juntamente com o corpo do animal o leite fermentava, resultando numa pasta azeda. Inicialmente não era muito apreciada, mas com o passar do tempo e o facto de ter propriedades medicinais aumentou gradualmente o seu consumo com o passar do tempo. O consumo do iogurte era muito comum no Médio Oriente e na Europa Central.
Mas foi em 1910 que o biólogo russo Metchnirkoff relacionou o consumo elevado de iogurte com a superior longevidade das tribos das montanhas da Bulgária.
O povo búlgaro era o mais pobre da Europa: o árido território, as contínuas invasões e denominações estrangeiras determinaram um nível de vida muito baixo.
Contudo e apesar, desta situação desfavorável, Metchnirkoff descobriu, que numa população com pouco mais de um milhão de habitantes, cerca de 1600 pessoas ultrapassavam os 100 anos de idade, com óptimas condições de saúde.
Após ter analisado a dieta dos búlgaros, o biólogo russo descobriu que o iogurte era um dos seus componentes básicos de alimentação, associado ao elevado consumo de frutas e vegetais.
Na Grécia o iogurte aparece mais tarde, mas é durante o século XX que se regista um grande consumo deste alimento pelos gregos. Assim este elemento é obrigatório no pequeno-almoço, podendo ser apreciado com frutas coberto com o maravilhoso mel produzido na Grécia.

Palestra "Interculturalidade"

O mês de Abril foi dedicado à interculturalidade e à partilha de diferentes culturas. Ao vivermos numa sociedade cada vez mais globalizada e mais multicultural a instituição sentiu necessidade de desenvolver actividades de intervenção nesta área, por forma a esclarecer os seus utentes relativamente a esta temática e a sensibilizá-los para uma partilha de educação intercultural.
Deste modo, no passado dia 8 de Abril de 2010, foi apresentada alguma teoria informativa acerca da temática, para que depois esta fosse trabalhada de forma mais pormenorizada e mais objectiva com os utentes, nomeadamente na apresentação de algumas tradições de outros países.
Durante esta apresentação fez-se também um jogo educativo cooperativo para que os participantes se apercebessem das suas diferenças, não em termos físicos como também em termos comportamentais. Este exercício serviu também para despoletar um debate entre as diferentes culturas existentes no nosso país e de como as nossas atitudes de estigmatização e de preconceito, marginalizam muitas vezes o outro. Chegou-se à conclusão de como a adopção de uma postura de respeito para com o outro que é diferente, bem como o nosso interesse por outras culturas são importantes mecanismos de integração.

Decoração de Ovos da Páscoa



No dia 31 de Março de 2010 o Centro de Dia de Marmelete decidiu comemorar a Páscoa com os seus utentes, para tal e aproveitando já o início do mês da interculturalidade, recriou-se uma tradição tipicamente ucraniana desta época.
A actividade consistiu em decorar alguns ovos cozidos com algumas imagens religiosas próprias da Ucrânia. Depois de escolherem qual a imagem mais bonita para os seus ovos as participantes inseriram o ovo dentro dos plásticos decorativos e depois mergulharam-nos dentro de água quente até o plástico comprimir à volta do ovo. Depois todas levaram os ovinhos para suas casas para oferecerem aos seus netos, cumprindo assim a tradição ucraniana.

Construção de Alfineteiras


Na sequência da palestra sobre reciclagem corpo técnico do Centro de Dia de Marmelete decidiu desenvolver algumas actividades de expressão plástica, com recurso a materiais que podem ser reaproveitados, para que os utentes da instituição perceberem como nós podemos transformar o lixo em algo útil e decorativo, apenas com um pouco de criatividade. Esta actividade consistiu na construção de alfineteiras a partir de alguns copos de iogurte, servindo estes de base para as alfineteiras, depois foi só coser alguns círculos de tecido e enchê-los com algodão, a bolinha foi colada à base e num instante as participantes ficaram com uma alfineteira nova para o seu estojo de costura. Todas decoraram as alfineteiras a gosto e ficaram muito contentes com o seu trabalho, e também muito surpresas de como com os ingredientes certos se consegue transformar lixo em objectos úteis, ou apenas decorativos.




Palestra "A Reciclagem e o Meio Ambiente"


O mês de Março foi o mês dedicado ao meio ambiente no Centro de Dia de Marmelete. Face às problemáticas ambientais que cada vez mais todos nós sofremos na pele, o Centro de Dia decidiu que o facto de estarmos numa zona tão abençoada pela mãe Natureza, deveria esclarecer e informar os seus associados relativamente a algumas práticas amigas do meio ambiente.
Desta forma, nos dias 11 e 18 de Março de 2010 a equipa técnica preparou uma breve apresentação acerca desta temática, expondo alguns dos maiores problemas ambientais e tentou incutir na assembleia algumas atitudes amigas do ambiente, privilegiando a reciclagem e a política dos 3’ R (Reduzir, Reutilizar e Reciclar).
A actividade foi ainda complementada com uma história fictícia acerca do que poderá vir a acontecer, se continuarmos a ter atitudes negligentes contra o ambiente e com um jogo pedagógico de separação do lixo, de modo a averiguar os conhecimentos dos participantes relativamente a esta temática e tentar corrigir possíveis erros que pudessem existir.
No final, toda a plateia se mostrou bastante mais esclarecida e bastante mais consciencializada para este tema.

Construção de Flores em Garrafa PET






No dia 4 de Março a equipa técnica do Centro de Marmelete decidiu comemorar o dia Internacional da Mulher com os seus utentes, para tal decidiu-se construir uma flor a partir de uma garrafa de plástico, de forma a servir de recordação deste dia.
Assim sendo, esta actividade teve cerca de 13 participantes, que recortaram a garrafa pelo gargalo em forma de pétalas, dobrando-as de seguida em volta do bocal. Depois as flores foram decoradas e forradas com tiras de tecido, escolhidas a gosto pelas utentes, o algodão serviu para encher o meio da flor e como retoque final as flores foram decoradas com algumas colas de brilhante, e a rolha foi forrada com lã, simulando assim o pé da flor.
Apesar de ser uma actividade minuciosa e exigente, todas as participantes estiveram à altura e se manifestaram bastante satisfeitas com o resultado final.



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Monchique, Marmelete, Portugal
Potenciando a efectivação de um acompanhamento do envelhecimento construtivo e activo, o Centro de Dia de Marmelete, consiste numa resposta social de apoio à população idosa da freguesia de Marmelete, incidindo a sua dinâmica institucional para colmatar as demais necessidades e/ou problemas de cariz sócio-demográfico. O Centro de Dia de Marmelete comporta as valências de Serviço de Apoio Domiciliário e Centro de Convívio. Conta com o apoio de 170 associados, entre os quais 16 encontram-se inseridos no Serviço de Apoio Domiciliário e 40 no Centro de Convívio.

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